Continuando...
Posteriormente, ocorre a segunda fase do cinema nacional (algumas literaturas afirmam que se estende de 1912-1922), mantido pelo esforço de produção de documentários e cine-jornais, uma vez que as salas , em sua grande maioria, exibiam produções estrangeiras, além das "cavações", onde por exemplo uma grande indústria contrata um cinegrafista e sua equipe para fazer um documentário institucional sobre a empresa, ou ainda importantes famílias encomendavam o registro de casamentos ou batizados. Entre os filmes desse tempo, destacam-se os calcados em obras célebres da literatura brasileira e a continuidade dos filmes criminais.
Nos anos seguintes, entre 1923-1933 (3ª fase), período em que a indústria brasileira começa a dar seus primeiros passos, o mercado cinematográfico nacional também amplia o número de produções, bem como a qualidade técnica e a expansão dessas, saindo do eixo Rio-São Paulo para regiões mineiras, pernambucanas e sulistas. Além disso, o nosso cinema mudo faz clássicos, porém o filme falado já era comentado nos países desenvolvidos. Dessa época, destacam-se o mineiro Humberto Mauro, autor de “Ganga Bruta” (1933) - filme que mostra uma crescente sofisticação da linguagem cinematográfica – e as “chanchadas” (comédias musicais com populares cantores do rádio e atrizes do teatro de revista) do estúdio Cinédia. Filmes como “Alô, Alô Brasil” (1935) e “Alô, Alô Carnaval” (1936) caem no gosto popular e revelam mitos do cinema brasileiro, como a cantora Carmen Miranda (símbolo da brejeirice brasileira que, curiosamente, nasceu em Portugal). Nesse contexto, a produtora Cinédia era obtinha quase a hegemonia do mercado.
Posteriormente, na quarta fase do cinema nacional, (entre 1934-1949), o resultado mais evidente foi a proliferação do gênero da comédia popularesca, vulgar e freqüentemente musical, registrou e exprimiu alguns aspectos e aspirações do panorama humano do Rio de Janeiro através das chanchadas.
Sobre esse período, devemos dar destaque a um gênero genuinamente nacional: as chanchadas. Estes filmes aproveitavam figuras populares do início do século, cantores de circo e espetáculos, para compor o elenco. Além disso, a outra face das primeiras comédias musicais foram os carnavalescos, nas quais, as inovações nos carnavais de todos os anos e nas avenidas viriam do Rio para São Paulo em 1918, através da fita “O Carnaval Cantado”. Ainda nesse contexto, em 1931, embora com menos sucesso, São Paulo encerraria a sua participação na aventura chanchadesca com “Coisas Nossas”. O filme apresentava qualidades novas, cuja direção coube ao norte-americano Wallace Downey, vindo da Fábrica de Discos Columbia. Finalmente, “Coisas Nossas” foi a primeira tentativa de fazer o cinema brasileiro enveredar na direção dos filmes musicais americanos que estavam fazendo sucesso. Assim, o forte do filme eram as músicas e cantores. Posteriormente, transportada a chanchada para o Rio, ela voltaria com força total pelo êxito da produção de Wallace Downey, “Alô, Alô, Brasil!”. O filme era uma continuação melhorada pelo “movietone” a fita anterior “Coisas Nossas”, ou seja, desfilava uma séria de músicas encadeadas por um enredo mínimo, temperadas por astros do rádio (o veículo de comunicação que ascendia na vida cotidiana brasileira da época).
Além disso, essa produção de chanchadas carioca lançou um conjunto de atores como Mesquitinha, Oscarito e Grande Otelo, que foram os principais responsáveis pela aproximação do filme brasileiro com o público. Vale ressaltar também, que é durante essa fase da história brasileira, que o nosso cinema vive um período muito particular : o Estado Novo de Getúlio Vargas. Como conseqüência, fora criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) órgão repressor e censor do Estado Novo Verguista que intensificou sua ação, em primeiro lugar, contra a imprensa. Entretanto, o cinema também foi alvo de ações do governo, que lhe determinou linhas de execução de medidas normativas e produtivas. No primeiro caso, o DIP preocupou-se com o curta-metragem, o célebre “complemento nacional” obrigatório do filme estrangeiro, notadamente quando investiu na produção do seu cine-jornal, dando-lhe uma renda de 5 cadeiras por sessão, margem de 30 a 50 % ao produtor e fiscalização para observância da lei. Se o DIP por todas estas medidas era um órgão impulsionador do cinema, ela nunca tirava os pés da terra pela censura. Proibiu-se “O Grande Ditador”. De Chaplin, tanto de ser exibido quanto de ser divulgado, pois negava-se espaço a notícias e comentários sobre o filme nos jornais. Além disso, o Clube de Cinema de São Paulo, do qual participava a jovem intelectualidade paulistana, foi proibido de funcionar por seu caráter “subversivo”.
Continua...
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