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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cinema Brasileiro - Parte IV

Continuando...

Apesar do caráter estrangeirista, Vera Cruz deixa um marco para a história cinematográfica nacional, como é o caso do filme “O cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, que faz sucesso internacional (Festival De Cannes), iniciando o ciclo de filmes sobre cangaço.

Sobre esse gênero tipicamente brasileiro, é preciso ressaltar a importância do artista Amácio Mazzaropi, que foi um dos grandes salários da companhia Vera Cruz, vivendo o personagem caipira mais bem-sucedido do cinema nacional. Mazzaropi foi um popular comediante do cinema brasileiro, comparado a Chaplin e a Cantinflas, consagrou-se no tipo mais famoso das telas nacionais, o Jeca, um caipira ingênuo mas que sempre acabava se saindo bem em suas artimanhas. Além disso, tornou-se sucesso imediato de bilheteria e fez “Nadando em Dinheiro”, um de seus trabalhos mais famosos, antes de fundar sua própria produtora, a PAN Filmes.  Sua primeira produção independente foi “Chofer de Praça”.

Além de Mazzaropi, há um grupo de artistas que, apesar de não estar diretamente ligado ao cinema de “cangaço”, está intimamente relacionado à realidade brasileira, “Os Trapalhões”. O grupo, que era composto por quatro comediantes, tinha um programa fixo na TV e ajudou a compor, quanti e qualitativamente a cinemateca nacional, mais pelo aspecto cômico e lúdico e infantil de suas produções. O enredo dos filmes do grupo possui narrativa simples, porém exprime a realidade nacional, uma vez que ilustra a sociedade com vários personagens típicos do Brasil “vulgar”.
Ainda sobre esse contexto da Vera Cruz, há uma reação à indústria: é o movimento do Cinema Novo, que divulga a produção cinematográfica nacional para todo o mundo. Esse movimento, constituído por jovens cineastas, tinha como foco a produção de filmes com temáticas sociais e eram contrários aos caríssimos filmes produzidos pela Vera Cruz e avessos às alienações culturais que as chanchadas refletiam, demonstrando a maturidade cultural e artística do país. Dentre os representantes, destacamos Glauber Rocha, Paulo César Sarraceni, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Carlos Diegues, Sérgio Ricardo Walter Lima Jr.

Apesar desse movimento nascer num período de conturbação da história nacional (leia-se Ditadura Militar e seus órgãos repressores e censuradores), o Cinema Novo continua a fazer obras críticas da realidade, ainda que usando metáforas para burlar a censura dos governos militares. Dessa época, destacam-se o próprio Gláuber Rocha, com “Terra em Transe” (1968), Rogério Sganzerla, diretor de “O Bandido da Luz Vermelha” (1968) e Júlio Bressane, este dono de um estilo personalíssimo. Ao mesmo tempo, o público reencontra-se com o cinema, com o sucesso das comédias leves conhecidas como “pornochanchadas”. Sobre esse movimento, vários aspectos positivos podem ser compartilhados para futuras produções, tais como: a dependência do mercado brasileiro aos filmes importados; a submissão dos cineastas no Brasil à linguagem do cinema hollywoodiano e foco na realidade sócio-político-cultural do país.
Sobre a história do cinema na realidade brasileira, mais recentemente, temos um gênero em particular e de grande importância: o Cinema de Retomada. Como o nome sugere, essa escola cinematográfica refere-se ao cinema atual a partir da recuperação da produção de filmes no Brasil. Para o entendimento deste, é preciso fazer valer à ascensão de Fernando Collor de Mello, que autorizou que fossem extintas leis de incentivos culturais e órgãos culturais da União, dentre eles a Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), o Conselho Nacional de Cinema (Concine) e a Fundação do Cinema Brasileiro (FCB). Com isso, por dois anos o Brasil teve a sua produção cinematográfica praticamente estagnada.

Posteriormente, a retomada dessa produção ocorreu por volta de 1995, quando começaram a operar efetivamente dois mecanismos de incentivo à cultura: a Lei Rouanet e a Lei do Audiovisual. Daí a denominação “cinema da retomada”, criada por alguns estudiosos em referência ao cinema produzido nos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Vale ressaltar que a renuncia fiscal promovida for FHC para a promoção de novos filmes, tem um caráter quantitativo no cenário cinematográfico nacional, já que não se promove um viés qualitativo nos nossos filmes, através de uma temática.relevante. Apesar disso, o Cinema de Retomada gerou filmes de grande impacto, como "Central do Brasil" e "Cidade de Deus" e estimulou o surgimento de muitos cineastas e permitiu a continuidade do trabalho de vários diretores veteranos.

Além disso, é nesse cenário que os filmes atuais tem adquirido relevância internacional, tais como três filmes que são indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: “O Quatrilho” (1995), “O Que é Isso, Companheiro” (1997) e “Central do Brasil” (1998), também vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlim. Nomes como Walter Salles, diretor de “Terra Estrangeira” (1993) e “Central do Brasil” e Carla Camuratti, diretora de “Carlota Joaquina, Princesa do Brazil” (1995) tornam-se nomes conhecidos do grande público, atraindo milhões de espectadores para as salas de exibição.

Fim!

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