Pessoal, vou postar 4 posts sobre o histórico do Cinema Nacional.
Após a primeira exibição pública do “Cinematographe” dos irmãos Lumiére em 28 de dezembro de 1895, meio ano depois, essa arte chegava ao Brasil (com Affonso Segretto., imigrante italiano que filmou cenas do porto do Rio de Janeiro). Este fato tem extrema relevância, uma vez que cada vez mais é necessário criar o sentimento nacionalista em arte, a fim de que consigamos adquirir emancipação cultural (e econômica). Porém, como se sabe, a história da colonização brasileira tem raízes e seqüelas até hoje, inclusive na história cinematográfica do país.
No Brasil, a primeira sessão ocorreu a 8 de julho de 1896, numa sala devidamente preparada, à Rua do Ouvidor 57, Rio de Janeiro, precisamente às 2h da tarde, e como é de se esperar, foi um acontecimento de extremo entusiasmo. Com uma maior “popularização” (o privilégio ainda era de poucos), no ano de 1897 mais de 52.000 pessoas já tinham tido contato com a máquina de Cinema.
Nesse contexto, o início da expressividade do Cinema Brasileiro ocorre, naturalmente, após 1907, quando a cidade do Rio de Janeiro, centro mais importante do país, obteve energia elétrica produzida industrialmente. Desde cedo, o mercado brasileiro tornou-se de grande importância para os centros produtores da época. Primeiro, vieram os filmes experimentais de Edison, Lumiére e outros. Logo em seguida, as pesquisas já mais elaboradas de Georges Méliès, Zecca, Edwin Porter, etc. Nesse cenário, já fica claro que o nosso cinema tinha como essência a internacionalidade, como ocorre, em 1915, num concurso de popularidade, no qual, os quatro primeiros postos foram ocupados pela italiana Francesca Bertini, pelos dinamarqueses Nielsen e Psilander, e pelo norte-americano Maurice Costello. Daí por diante, garantido pelos grandes bancos, que pouco a pouco haviam tomado o controle dos estúdios, os filmes norte-americanos começaram a entrar com maior força em nosso mercado, eliminando gradativamente, através de uma produção e uma publicidade maciças, os demais concorrentes.
Esse primeiro período do cinema nacional ocorre entre 1986-1911, porém é durante os anos de 1908-1911 que é chamada a “Bela Época”, fase em que a produção desenvolve-se juntamente com a ampliação e consolidação de um circuito exibidor, pois é a partir de 1907 que se multiplicam as salas fixas. A produção provém em grande parte da iniciativa de donos de salas que se tornam, simultaneamente, exibidores e produtores, obtendo o favor do público. Apesar do caráter nacional, o período em questão vive um contexto contraditório, afinal os filmes dessa época, que reconstituíam crimes que impressionavam a imaginação popular, coincidem com a transformação desse cinema artesanal em industrial, nos países desenvolvidos. Foi durante 10 anos, que o nosso cinema “vegetou”, afinal trata-se de uma atividade comercial de exibição de fitas importadas, quanto como fabricação artesanal local. Essa “Idade do Ouro ou Bela Época” (o termo seria uma classificação válida à sombra da frustração das décadas seguintes) se encerrou em 1911, com a queda brusca da produção. Em 1912, foi realizado apenas um filme de enredo no Rio de Janeiro.
Vale ressaltar, que durante esse período de transformação do cinema artesanal em importante indústria, o Brasil importava até palito em troca do café que exportava e ,era natural que importasse também o entretenimento fabricado nos grandes centros europeus e da América do Norte. E nesse contexto, o cinema nacional ficou inteiramente à disposição do filme estrangeiro.
Aguardem para cenas dos próximos capítulos, ou melhor, próximas cenas...
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