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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O posicionamento está na cara (ou melhor, na capa)




Depois da VEJA, agora é a vez da Época deixar claro seu posicionamento em relação às eleições 2010.

Apesar de contrariar algumas orientações que já tive, acho muito normal que um veículo jornalístico evidencie seu posicionamento político e ideológico nas suas narrativas e textos, desde que, entretanto, não seja um veículo que se apresenta de forma imparcial e generalista, como é o caso da Época e da VEJA. Há pouco, por exemplo, podemos citar duas capas da revista do grupo Abril que trouxe a foto de Dilma Rousseff com uma linguagem pesada, utilizando cor vermelha predominante, como quando se associava comunistas ao lado negro da política (uma visão velha e antiquada, por sinal); e depois, a edição tucana trazia a foto de José Serra com seu “sorriso amarelo”, fazendo esforço para utilizar-se de um dos artifícios que ele ainda não tem: o carisma. Além disso, na edição sobre Serra, a frase era “Me preparei a vida inteira para ser presidente”.
Duas capas e um posicionamento claro: viva o PSDB!

Ora, tudo bem, veículo é constituído de pessoas que são compostas por experiências que formam seu grau ideológico, mas um periódico universalizante não pode comunicar dessa maneira para pessoas que ainda não percebem essas diferenças. Se fosse o caso da revista CAROS AMIGOS, até entenderíamos.

Depois do veículo de maior força do Grupo Abril, agora foi a vez da Editora Globo com a Época. Nesta última edição (16/Agosto/2010), a capa traz a foto de Dilma Rousseff, com 22 anos, e os dizeres “O passado de Dilma”. A linguagem da capa é claramente do gênero “Procura-se” dos filmes de bandido e mocinhos do velho-oeste.

Com todo repeito à Época, mas se a idéia era ir contra Dilma (juro que não entendo, afinal não foi o PT que nomeou Hélio Costa (PMDB), conhecido no movimento pela democratização como "o ministro da Globo"?), não foi!
Ora, lutar contra os militares, nos “anos de chumbo”, de maneira direta ou indireta, foi uma atitude de extrema importância para a volta do processo democrático no Brasil! O golpe civil-militar até que demorou se compararmos o tempo de duração de nossa ditadura com demais países latino-americanos.

ÉPOCA, chamar um político de “subversivo”, no período de 1964 a 1985 não é ofensa. Ocorre uma inversão do elogio, visto que, o termo “subversivo” se referia aos manifestantes contrários ao regime ditatorial. Se analisarmos nossa história, vários e vários foram acusado disso. Até no âmbito na literatura, como quando João Cabral de Melo Neto é acusado de subversão, em 1952, isso acontece.

Por fim, isto é apenas um manifesto despretensioso após ver os comentários limitados das pessoas sobre a matéria da Época no Twitter. Não se trata de um post com eufemismos sobre o passado de Dilma, mas uma tentativa clarificadora.

É... agora nas eleições é época (trocadilho infame) de demonstrar interesses, mesmo que de maneira implícita e cheia de subentendidos.

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