Pesquise

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O verdadeiro pudor de olhar para a tela




Há uma certa angústia quando terminamos de assistir a um filme e nos perguntamos, “e daí?”. Foi exatamente assim que me deparei no final do longa PECADOS INOCENTES, uma obra que às vezes não tem o que dizer e se apoia na bela fotografia, na direção muito bem cuidada e nas interpretações impecáveis.

Tudo muito belo em meio a uma história deprimente que envolve incesto, homossexualidade e família. Pecados Inocentes que é dirigido por Tom Kalin, trata da história de Barbara (Julianne Moore) e Brooks Baekeland (Stephen Dillane), um casal cheio de cortesia e cerimônia. Em eventos, jantares e reuniões com os amigos, Barbara e Brooks portam-se solenemente, ainda que se alfinetem. Na intimidade, Brooks assume que não suporta o convívio na alta sociedade e Barbara só tem atenção para o seu bebê, Tony.

Seu filho, Tony já adolescente, (ótima interpretação de Eddie Redmayne) percebe que o casamento de seus pais foi pura comodidade falsa para ambos. Em Paris, Brooks dedica seu tempo a hobbies "de homem" - boxe, cavalos, cigarros. Tony, entretanto, prefere sorvetes e passeios com a mãe. No salto temporal seguinte, já um jovem adulto, ele assume a sua óbvia homossexualidade.

Já com a separação dos pais e com a homossexualidade de Tony, o filme fica mais carregado com uma relação que ultrapassa o limite ético normal entre mãe e filho. Barbara e Tony têm relação sexual. Nessa cena, assim como a parte em que a mãe para pede a seu filho, Tony, que seque a ferida que ela tem no pulso esquerdo, existe um certo "pudor de olhar para a tela".

Outro ponto curioso do longa é que ele demorou quase oito anos tentando tirar o projeto do papel nos Estados Unidos, o que não aconteceu graças ao "puritanismo dominante".

"Era um papel muito difícil, pois era uma mulher cheia de graça, de elegância, de doçura. Não era um monstro", disse Julianne Moore, intérprete de Barbara.

Nenhum comentário:

Postar um comentário