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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Propaganda: discurso assumidamente de interesses



A relação entre publicidade e propaganda já foi antagônica há algum tempo atrás. Enquanto publicidade significa o ato de vulgarizar, de tornar público um fato, uma idéia; o termo propaganda (etimologicamente significa mergulhar, enterrar) foi primeiramente utilizado pela Igreja Católica quando criara a Congregação da Propaganda, com intenção de propagar a fé católica. Mais tarde, a expressão propaganda foi convencionada com um posicionamento comercial, ou seja, uma manipulação planejada de comunicação visando, pela persuasão, promover comportamento em benefício do anunciante que a utiliza. Esse conceito, que é conhecido pela sociedade como um todo, por inércia ou convenção, tem sido alvo de críticas mal fundamentadas que afirmam que todo texto publicitário é um engano.

Em princípio, devemos considerar que toda afirmação categórica e unânime deve ser questionada, pois apresenta-se como verdade absoluta, sendo um dogma, deve ser descartado de qualquer discussão.

Além disso, o texto publicitário é assumidamente persuasivo, pois apresenta-se com intuito de disseminar informação, raciocínio e idéias. Nesse contexto, é preciso salientar que a propaganda, bem como suas ferramentas, como o texto, é um fenômeno da era industrial, ou seja, a partir da Revolução Industrial, surgia a propaganda como conhecemos, porém sua base era apenas informativa. Afinal, se fazia necessário dar noticia de que o produtos/serviços inéditos estavam disponíveis. Posteriormente, com a evolução da indústria e seu progresso tecnológico, permitiu-se a produção em larga em escala dos produtos, gerando um tipo especial de comunicação publicitária, que ultrapassava a informação, chegando a uma área mais sofisticada e complexa, que é a motivação para a compra.

Nesse cenário da produção em série, centenas de novos produtos chegavam ao mercado e apresentá-los objetivamente ao consumidor, não era fortemente persuasivo. Era preciso motivar o comprador, despertando seus desejos latentes. Para isso, o mínimo que se espera de uma comunicação é que ela seja otimista e hiperbólica, não enganosa.
Além disso, nossa sociedade moderna é movida por necessidades latentes, desejos que são sustentados por textos e outras ferramentas publicitárias.
Diante desse cenário, faço uma apropriação da “Filosofia Tostines”, afinal, a propaganda é otimista e hiperbólica pela complexidade do mercado de consumo ou o mercado de consumo é complexo por conta da propaganda otimista e hiberbólica? Ao meu ver, trata-se de um questionamento que ninguém responde com muita convicção, mas a verdade é que, se considerarmos o conceito de comunicação e linguagem, todo discurso ou texto tem uma intenção pré-estabelecida. A publicidade tem a intenção assumidamente comercial ou persuasiva, se valendo do direito de utilizar de recursos, elementos verbais e não-verbais que diferenciarão o produto dos demais, afinal, quem não se comunica com diferenciação, colocando valores abstratos em conteúdos concretos, passará despercebido nessa sociedade desejosa por consumo. Diante disso, é preciso salientar que, mesmo com uma produção eficaz de um texto publicitário, não há propaganda suficientemente forte que venda produtos essencialmente ruins.
A propaganda e suas ferramentas táticas não são enganosas por pedirem “licença” para travar contato com o público-alvo, afinal todo e qualquer indivíduo se dá ao direito de não ter contato com conteúdos publicitários ao assumir o “controle remoto” ou ignorar anúncios impressos. Além disso, na hora das chamadas publicitárias, independente dos meios, a sociedade pós-moderna reconhece, por convenção ou inércia, que é o momento do espaço lúdico, no qual as fantasias sobrepõem à realidade essencialmente informativa.
Enganação é quando um jornalista, profissional que utiliza-se de comunicação informativa, que teoricamente deve ser imparcial e independente, produz um artigo ou outro recurso jornalístico com informação mercantilizada, promovendo interesses.

A propaganda, em contrapartida, é reconhecida e assumidamente persuasiva, por isso sua linguagem que permite que a comunicação efetive é comercial e não irreal.

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