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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Efeito Globalização II




Apesar dos pesares, o Governo Collor tem seus merecimentos, sobretudo para a indústria automobilística. Como dizia o presidente que tinha hábito de viajar para o exterior , o brasileiro estava acostumado a dirigir carroças. O mercado nacional era dominado por quatro grandes montadoras que, aliás, não olhavam o Brasil como potencial mercado consumidor.

Posteriormente, simbolizando a efetiva entrada do Brasil no processo de globalização, houve o impacto da abertura do mercado e a indústria automobilística nacional se viu pressionada com a entrada dos concorrentes estrangeiros de peso.

Ao longo desses 20 anos muita coisa evoluiu. Chegaram marcas francesas, o motor ficou bi-combustível, o brasileiro se tornou mais crítico, a briga pelo share de mercado entre as montadoras deixou o cenário mais competitivo e até o governo impulsionou as vendas com a redução da alíquota chamada IPI (imposto sobre produto industrializado). Mas dessa vez o destaque é o número de vendas alcançado pelas montadoras chinesas. É o efeito da globalização II no Brasil.

E os números referentes à China são sempre superlativos. A China desempenha um papel importante no comércio internacional, ao ser o maior consumidor mundial de aço e concreto (usa, respectivamente, um terço e mais da metade daqueles insumos) e o segundo maior importador de petróleo. É o terceiro maior importador do mundo e o segundo maior exportador, em termos globais. Para o mercado de automóveis aqui no Brasil, os índices continuam elevados: de acordo com o balanço do primeiro semestre de 2011 divulgado nesta terça-feira (12) pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva), as empresas do país asiático já representam mais de 30% da participação dos modelos importados. No acumulado dos seis primeiros meses do ano foram vendidos 27.330 veículos chineses, contra 63.013 das demais empresas (sendo que apenas a Kia Motors – coreana - emplacou 40.500 carros deste número total).

O brasileiro já está acostumado a comprar carros asiáticos (os índices de venda de Nissan, Toyota e Honda não nos deixam mentir), mas a onda chinesa mostra um novo comportamento de consumo. Agora é a busca do brasileiro é pela melhor relação custo- benefício.

Os carros chineses são baratos porque a produção de bens industriais tem baixo custo. Este fato se deve a sua mão-de-obra barata, o não pagamento de licenças de alguns produtos e os baixos impostos. Apesar disso, alguns consumidores ainda são céticos em relação aos carros chineses, mesmo com promessa agressiva de custo-benefício tanto na compra, quanto na manutenção ou na garantia.

Preconceitos à parte, os consumidores que torcem o nariz para a produção chinesa não podem desconsiderar o sucesso que essas marcas estão tendo no Brasil, mesmo nesta fase inicial de mercado em que se deve provar que é confiável, bom de manutenção, seguro e revenda. Se você não quer arriscar seu investimento num modelo de pouco crédito no mercado, como é o caso dos chineses, pelo menos devemos agradecer o barulho que essa onda chinesa faz no país: as montadoras nacionais estão de olhos abertos diante do sucesso de JAC Motors e Chery. Tomara que essa reviravolta chegue ao que mais interessa:o bolso. Viva os chineses!

4 comentários:

  1. Ótimo post Thélio. Não podemos esquecer que as vias brasileiras esqueceram de acompanhar este cenário.

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  2. Juliano, meu querido, concordo plenamente. Infelizmente o Brasil é o país das contradições. É o país com soluções da dinamarquesas e realidade angolana.

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  3. Thélio bem oportuno o post. Quando quiser escrever artigos para o Comunicavale já é nosso convidado. Parabéns pelo blog. abs Armindo

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  4. Armindo, que boa notícia!!!Será um prazer! Obrigado, abraço!

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