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terça-feira, 21 de junho de 2011

O consumo das novas gerações e a responsabilidade da comunicação: um só discurso



O profissional de publicidade e propaganda no Brasil vive um cenário inédito. Ao longo da evolução da propaganda comercial, após os anos 50, quando deixou de ser meramente informativa para ser sedutora e responsável pelo escoamento dos produtos, muita coisa mudou.

Hoje, o consumidor é mais consciente de seus direitos, é mais inteligente, ele está emancipado e se tornou mais exigente. Entretanto, apesar desse consumidor ter mais informações sobre os problemas ambientais, o número de brasileiros que mantêm hábitos conscientes de consumo é cada vez menor, segundo pesquisa feita pela Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro).

Dessa maneira, o publicitário parece ficar num dilema. Veja só: é preciso comunicar para um público mais exigente que na realidade não é tão exigente assim. Um exemplo é que de acordo com o levantamento da Fecomércio-RJ, 57% dos entrevistados mantêm hábitos que levam em consideração a preservação do ambiente. Em 2007, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez, esse percentual era 65%.

O fato é que existem dois fatores que ilustram bem a razão pela queda da responsabilidade no comportamento do consumidor ao consumir. Um é o preço. O outro é a cultura.
O preço é o primeiro ponto de percepção pelo consumidor e o bolso ainda é a área de maior razão de compra no Brasil. Esse consumidor entende a necessidade de consumir responsabilidade, mas ele não pode. É sensível aos apelos da comunicação de responsabilidade social e ambiental, mas não pode comprar. É como anunciar um Porsche no Jornal Nacional: poucos (quase nenhum telespectador) irão efetivamente consumir, mas muitos sonham e entendem os benefícios reais ou imateriais que o carro pode proporcionar.

Outro fator é a cultura. O publicitário trabalha com elementos culturais para que a comunicação se torne persuasiva, entretanto uma cultura para ser formada demora anos. O brasileiro, sobretudo a população economicamente ativa entre os 40 e 65 anos, ainda não coloca em prática os hábitos de responsabilidade. A máxima “burro velho não entra no tranco” é verdadeira. Quanto maior for a idade, mais difícil é a “catequização”.

Entretanto, os novos consumidores hoje da Geração Y e os futuros consumidores que pertencem à geração Alfa, demonstram um ótimo cenário para a comunicação de responsabilidade socioambiental para o profissional de publicidade e propaganda. É a fome com a vontade de comer, porque eles são mais exigentes em querer mudar o mundo para um lugar mais responsável ambientalmente e com possibilidade de qualidade de vida para as futuras gerações.

Além desse cenário de comportamento do consumidor, é preciso salientar que o publicitário é uma profissional com formação acadêmica orientada em humanidades, ou seja, tem noções de Filosofia, Sociologia, Antropologia e Psicologia que ajudam na formação do caráter social. Profissional sem ética é profissional sem trabalho. No ramo da comunicação essa frase ganha proporções astronômicas, porque a comunicação é um segmento profissional restrito e muito visível, ou seja, passível de muitas críticas e opiniões.
Por fim, o publicitário é um profissional de comunicação que hoje vive um cenário dicotômico, mas com ótimas oportunidades, basta que o governo acerte nas isenções fiscais dos produtos responsáveis e que cada vez mais as novas gerações tenham decisões autônomas para poder formar, efetivamente, uma nova cultura de consumo: uma cultura mais responsável.

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