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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

1968, Exaltação cultural e política




Estamos em tempo de eleição e os conceitos políticos estão em toda a mídia. Fico um pouco preocupado com a falta de noção de algumas pessoas e com a falta de contudência em seus argumentos.

O que houve, afinal somos filhos de uma geração ativa na política, como foi em 1968?

É muito provável que em todo o período do século XX, não tenha ocorrido um ano com tantas manifestações populares, movida pela vontade de mudança, engajamento político e pelo desejo de liberdade, como 1968.

O melhor legado dessa geração não está no gesto – muitas vezes desesperado; outras, autoritário- mas na paixão com que foi à luta, dando a impressão de que estava disposta a entregar a vida para não morrer de tédio. Poucas gerações lutaram tão radicalmente por seu projeto e sua utopia, experimentando os limites de todos os horizontes: políticos, sexuais, comportamentais, existenciais, sonhando em aproximá-los todos.

A nostalgia que reveste o ano de 1968 ultrapassa geração que nele viveu parte da sua juventude, explicada pela propaganda da visão de esquerda segundo a qual poderia se “transformar” o mundo.
Como a história de 68 foi um período extremamente rico, não poderia ser apresentado sob uma visão só, por isso selecionamos alguns movimentos que percorreram o mundo:

Primavera de Praga: Tudo começou com a ascensão de Alexander Dubcek à liderança do Partido Comunista do país, no início do ano.
Dubcek queria “dar uma face humana ao socialismo” e aboliu a censura. Não demorou a que se acendesse a chama da liberdade contra a ocupação soviética, que remontava ao final da Segunda Guerra. A reação de Moscou foi fulminante. Em outubro de 1968 Dubcek foi preso e a Checoslováquia permaneceu satélite soviético nas duas décadas seguintes.
Os russos só foram embora em 1989, com a revolução de Veludo, movidos pelo mesmo desejo de mudança que, naquele ano, derrubou o muro de Berlim. Depois da derrocada do comunismo o país desmembrou-se em República Checa e Eslováquia, duas nações prósperas e, hoje integrantes da União Européia.

Barricadas de maio em Paris: Movimento que reunia Maoístas, Trotskistas e Anarquistas, tinha em seu cerne o desejo da juventude por mudanças profundas na política, na sociedade e na cultura da França. O episódio a desencadear os confrontos entre estudantes e a polícia foi o fechamento da Universidade de Nanterre, no inicio de maio, cuja reitoria vinha sendo tomada por jovens que exigiam uma reforma educacional e, entre outros tópicos mais substancias, o direitos dos rapazes entrarem nos dormitórios das moças.
Por ter adquirido uma profunda carga simbólica, maio de 68 tornou-se uma referência para o movimento anti-establishment surgidos não só no mesmo ano como nas décadas seguintes em diferentes países.

Passeata do Cem mil: Em 26 de junho de 1968, o centro do Rio de Janeiro foi cenário de uma passeata que entraria para a história. Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra os generais encastelados no poder havia quatro anos. Programada originalmente como um protesto pela morte do estudante Edson Luís, assassinado pela Polícia Militar três meses antes, a manifestação encorpou-se, para se tornar o maior ato de repúdio à ditadura.

Pode-se dizer que tudo começou ali - se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira, foi o período que ficou mais evidente a participação política dos jovens e dos intelectuais a respeito do sistema vigente (ditadura), que culminaria no Movimento Estudantil e na manifestação cultural Tropicalista.

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